A Reforma Tributária é o início de um novo ciclo fiscal. Com a introdução do modelo de IVA dual (CBS + IBS), o país redefine sua estrutura tributária sobre o consumo. E, nesse cenário, a tecnologia deixa de ser um diferencial e passa a ser um pré-requisito.
Este artigo destaca como a automação e a inteligência tributária serão fundamentais para garantir conformidade, rastreabilidade e controle em tempo real.
Reforma Tributária e tecnologia: impactos na operação fiscal
Assista ao episódio do AvaCast com Marco Martini, diretor de produtos da Avalara Brasil, onde são discutidos os principais impactos da Reforma Tributária na operação fiscal das empresas e o papel da tecnologia para garantir conformidade e automação no novo cenário:
O que muda com a Reforma Tributária?
O Brasil está substituindo cinco tributos, ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI, por dois: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), compartilhado entre estados e municípios. O novo modelo, inspirado no IVA europeu, visa simplificar a tributação sobre consumo.
A promessa é de desburocratização e mais neutralidade, no entanto, durante a transição, o sistema antigo e o novo irão coexistir. Isso significa que as empresas terão de calcular ambos simultaneamente, emitir documentos com novos campos e manter consistência em tempo real entre suas operações e o Fisco.
Como será a transição para CBS e IBS no modelo de IVA?
A transição para o novo modelo de tributação começa em 2026, com a entrada em vigor da CBS. Em 2027, o IBS passa a ser aplicado, marcando o início da substituição gradual do sistema atual pelos novos tributos.
Durante esse período, ICMS e ISS continuam em vigor, o que exige das empresas uma estrutura tecnológica preparada para operar em um cenário de convivência.
Será necessário lidar com regras distintas, tributos diferentes e layouts fiscais em constante atualização, exigindo flexibilidade dos sistemas e agilidade na manutenção das parametrizações.
O Brasil, que já foi referência com a adoção da Nota Fiscal Eletrônica, avança agora com um modelo de IVA dual totalmente digitalizado.
A proposta traz uma abordagem inovadora, baseada em interoperabilidade entre sistemas, rastreabilidade das operações e cálculo automatizado, elementos que ainda são pouco explorados em outros países.
Com essa arquitetura tecnológica, que inclui motores de cálculo, validações em tempo real e integração contínua entre contribuintes e Fisco, o país se posiciona como um dos líderes globais em automação tributária.
A experiência brasileira pode, inclusive, servir de referência para outras nações que buscam simplificar a arrecadação e combater a sonegação por meio da digitalização fiscal.
Por que automação fiscal é essencial na Reforma Tributária?
Apurar tributos manualmente nunca foi uma boa prática, mas agora se tornou insustentável. Com cálculos simultâneos, novas regras de crédito, critérios regionais e validações cruzadas em tempo real, a automação fiscal passa a ser indispensável.
Planilhas e integrações frágeis deixam de atender, ou seja, é preciso uma abordagem estruturada, com motores de cálculo, mensageria digital, captura automatizada e ferramentas de apuração assistida.
Como a Reforma Tributária muda a operação fiscal das empresas?
Na nova lógica, a emissão da nota fiscal já representa a confissão de dívida. O recolhimento não acontece mais apenas no fechamento mensal, mas em ciclos curtos, muitas vezes, diários.
Nesse novo cenário, a Receita Federal passará a informar o contribuinte sobre débitos e créditos com base nas transações registradas. Confira:
Apuração assistida: como funciona o novo modelo de cálculo do Fisco?
A apuração assistida é o novo modelo de apuração fiscal que será implantado com a Reforma Tributária. A partir dele, o próprio Fisco passa a calcular, de forma automatizada, os tributos devidos por cada contribuinte com base nas notas fiscais emitidas e recebidas.
Esse cálculo será diário, funcionando como uma espécie de conta corrente de tributos: ao fim de cada dia, a Receita Federal consolidará os débitos (notas emitidas) e créditos (notas recebidas e efetivamente pagas) para informar o saldo tributário da empresa.
Mesmo com o recolhimento ainda não obrigatório em 2026, a entrega correta das notas fiscais com os novos campos e tributos já será exigida. Documentos com erros ou inconsistências podem ser rejeitados, e créditos podem ser perdidos.
A responsabilidade pela conferência continua com a empresa. Será essencial acompanhar as apurações feitas pelo Fisco, validar os cálculos, garantir que os dados estejam corretos e corrigir rapidamente qualquer divergência.
Essa nova dinâmica exige processos integrados, controle em tempo real e uso de tecnologia fiscal automatizada.
A conciliação, que antes era mensal, passa a ser parte da rotina diária. E, para dar conta do volume e da velocidade, automação não será um diferencial, mas uma necessidade.
Split Payment: o que muda no fluxo financeiro e no crédito fiscal?
O split payment, é um dos elementos estruturais da Reforma Tributária que mais impactam a rotina financeira das empresas.
Ele altera o fluxo da transação comercial ao dividir automaticamente o valor da nota fiscal entre o fornecedor e o governo no momento do pagamento.
Em vez de o vendedor receber o valor total da venda e depois repassar os tributos, o sistema separa os impostos de forma automática e direciona diretamente ao Fisco. O restante, correspondente ao valor líquido da operação, vai para a conta do fornecedor.
Essa mudança reduz o risco de inadimplência tributária, dificulta fraudes como a retenção indevida de impostos e garante maior controle sobre a arrecadação. Mas também exige adaptação por parte das empresas, principalmente na gestão de caixa e nas reconciliações financeiras.
Um ponto importante: o crédito fiscal só poderá ser utilizado após a confirmação de que o imposto foi efetivamente pago.
Ou seja, receber uma nota não é mais suficiente, é preciso garantir que a parte do tributo foi recolhida, exigindo visibilidade completa da operação e integração entre sistemas fiscais, financeiros e o ERP.
Modelos semelhantes já são adotados em outros países como mecanismo de simplificação e combate à evasão. No Brasil, o split payment representa um avanço na digitalização da arrecadação, mas também impõe um novo padrão de controle para o contribuinte.
Como se preparar para a Reforma Tributária?
Preparar a empresa para a Reforma Tributária exige mudanças estruturais na operação fiscal, impactando desde a organização dos dados até os processos de apuração, escrituração e gestão tributária. A seguir, cinco pontos essenciais para conduzir essa transição com segurança, agilidade e consistência.
1. Planejamento fiscal com foco na convivência entre sistemas
Até 2032, o modelo atual (ICMS, ISS, PIS, Cofins, IPI) coexistirá com os novos tributos (CBS, IBS e IS), exigindo que os sistemas consigam lidar com os dois regimes ao mesmo tempo, com regras específicas por tipo de operação, produto e cliente, sem comprometer a consistência dos cálculos.
2. Revisão contratual e cláusulas comerciais
Com o crédito condicionado ao pagamento e a tributação no destino, será necessário revisar prazos, responsabilidades pelo recolhimento, repasse de tributos e regras de split payment, ajustando os contratos com fornecedores e clientes para refletir essas mudanças e evitar desequilíbrios nos fluxos fiscais e financeiros.
3. Digitalização e automação dos processos fiscais
Com a apuração assistida sendo realizada diariamente, a automação se torna indispensável em processos como captura de documentos fiscais, apuração de débitos e créditos, auditoria de notas recebidas e entrega de obrigações acessórias, garantindo mais agilidade nas respostas ao Fisco e reduzindo o risco de falhas operacionais.
4. Monitoramento das obrigações e atualizações regulatórias
Com alíquotas do IBS ainda em definição por estado e município, além das regras do Imposto Seletivo (IS), regimes diferenciados e possíveis benefícios setoriais, o cenário regulatório segue em constante evolução.
Por isso, é fundamental acompanhar as publicações oficiais, revisar periodicamente os processos internos e manter os sistemas atualizados para assegurar conformidade com as normas vigentes.
Para apoiar esse acompanhamento de forma prática e contínua, o BPO Fiscal da Avalara atua como uma extensão da sua área tributária, oferecendo suporte técnico e operacional na leitura da legislação, aplicação de novas regras e adequações sistêmicas.
Com esse reforço, sua equipe ganha tempo e segurança para lidar com as exigências do novo modelo tributário sem sobrecarga.
5. Governança de dados fiscais e validação com o Fisco
A partir das notas fiscais emitidas e recebidas, o Fisco passará a calcular os tributos de forma automática, e caberá à empresa validar esses cálculos, identificar possíveis divergências e apresentar correções quando necessário.
Para isso, será essencial ter rastreabilidade completa dos dados, conciliação entre operação e documento fiscal, além de sistemas preparados para justificar eventuais inconsistências de forma estruturada.
Como a Avalara pode ajudar na transição da Reforma Tributária?
A Avalara oferece um portfólio completo de soluções fiscais para apoiar sua empresa durante a transição para o novo modelo tributário, garantindo conformidade, agilidade e controle em cada etapa do processo.
Com tecnologias em nuvem e atualizações contínuas, nossas soluções acompanham a evolução da legislação e reduzem o risco fiscal de forma estruturada.
Confira como cada solução se adapta ao novo cenário da Reforma Tributária:
- AvaTax Brasil: realiza o cálculo dos tributos atuais e dos novos (CBS, IBS e IS), com conteúdo legal embarcado e sem necessidade de parametrização manual. O sistema já considera a lógica do Imposto Seletivo e será capaz de aplicar as alíquotas estaduais e municipais assim que forem oficializadas.
- Mensageria 2.0: preparada para emitir NFe, NFCe, CTe e NFSe com os novos campos exigidos pela reforma, está pronta para testes assim que os ambientes de homologação forem liberados pelos fiscos.
- TaxDocs Monitor 2.0: identifica automaticamente documentos fiscais emitidos contra o CNPJ da empresa, permitindo o aproveitamento de créditos vinculados a tributos efetivamente pagos, conforme exigido pelo novo modelo.
- Tax Compliance: preparada para a apuração assistida, a solução permite conferência cruzada de valores, acompanhamento em tempo real dos créditos e débitos e aplicação da lógica de split payment nas operações sujeitas ao novo IVA dual.
Todas as soluções da Avalara operam em nuvem, com escalabilidade, inteligência artificial embarcada e integração nativa com os principais ERPs do mercado.
Além disso, a empresa mantém um compromisso contínuo com a atualização das ferramentas conforme a legislação evolui, evitando retrabalho e assegurando total aderência ao novo modelo tributário.
Conheça nossas soluções e simplifique o dia a dia fiscal:
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